Ciclo de propostas modestas para a economia portuguesa
Para a semana arrancamos uma nova série, com um artigo centrado na indústria automóvel chinesa
Num mundo cada vez mais caracterizado por múltiplas crises, novos atores no xadrez global e o renascimento da política industrial, o debate nacional parece ter-se ossificado. As discussões do nosso modelo de desenvolvimento são dominadas por pontos percentuais do IRC e business roundtables que são um completo vazio programático.
A esquerda, mesmo tendo em conta todas as limitações da moeda única e pouco espaço mediático que tem, não se pode limitar à defesa do Estado Social e denunciar o modelo de desenvolvimento proposto pela direita. Por isso, é urgente e necessário retomar o desenvolvimentismo sempre presente nos momentos em que a esquerda - nas suas variadas formas - conseguiu exercer poder com relativo sucesso. A União Soviética modernizou a estrutura económica herdada de um império atrasado e maioritariamente agrário; o New Deal conjugou a construção de um Estado Social com o desenvolvimento da estrutura económica dos Estados Unidos da América; e o Partido que governa o México - e que acabou de ganhar uma eleição de forma avassaladora - alia a expansão dos direitos sociais e laborais com um projeto de desenvolvimento apelidado de “Quarta Transformação”.
Portugal não é excepção e os 3Ds de Abril incluíram o desenvolvimento. A transformação revolucionária de Abril abriu as portas para o Estado Empreendedor português, que foi capaz de promover várias inovações em indústrias como as telecomunicações e serviços bancários, um ciclo de modernização interrompido no período das privatizações.
Este ciclo de publicações, que ambiciona debater propostas que contribuam para um novo modelo de desenvolvimento nacional, arrancará com um texto focado no crescimento da indústria de carros elétricos chinesa e o que esta pode significar para Portugal. Ao contrário de ciclos de textos anteriores desta República, os textos desta série serão publicados de forma intervalada, que permitam uma maior reflexão e debate. O ensaio anteriormente publicado sobre o que significa preparar a saída do Euro pode ser visto como capítulo zero desta série.
Entendemos que este é um projeto ambicioso, com debates que exigem muito mais do que a equipa dos Pijamas sabe. Assim, encorajamos os nossos leitores a utilizarem a caixa de comentários para contribuir para os tópicos que abrimos.
Obrigado e até para a semana,
República dos Pijamas
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